Jogo Responsável - Recomendações e Teste de Vício no Jogo
A 31 de Dezembro de 2022, 150,9 mil jogadores registados em operadores legais em Portugal encontravam-se auto-excluídos dos jogos e apostas online.
Este número representa um aumento de 12,9 mil utilizadores face a 30 de Setembro de 2022.
A auto-exclusão é uma das ferramentas colocadas à disposição de jogadores que, num dado momento, estão viciados no jogo.
Mas o que é exactamente o vício do jogo? Mostramos-te mais à frente o que podes fazer para o evitar e como o podes identificar, através de um questionário rápido.
Mas começamos pelo princípio.
O Que é o Jogo?
A definição de “jogo” é ambígua, mas neste contexto lúdico em que existe dinheiro envolvido, o termo refere-se a:
- Jogos de sorte ou azar – conhecidos como jogos de casino online;
- Apostas desportivas à cota.
Os jogos de sorte ou azar são jogos cujo resultado é aleatório e imprevisível, sendo que ganhar ou perder é apenas uma questão de sorte e não tem nada de racional.
Já as apostas desportivas, tal como o nome indica, consistem em apostar dinheiro num evento cujo resultado é incerto. A intenção é prever o resultado e com isso ganhar um prémio.
Nas apostas desportivas, apesar da preparação e raciocínio dos jogadores ajudarem, as probabilidades influenciam muito mais as vitórias e derrotas.
Em ambos os casos, esta actividade pressupõe a perda ou ganho monetário. Para além do investimento emocional e de tempo, esta é a razão pela qual é importante deixar clara esta definição.
Para gerires da melhor forma a tua relação com o jogo, existe um conceito chamado Jogo Responsável.
Jogo Responsável
Estes jogos são criados para entreter os jogadores de forma simples e leve. Porém, como em qualquer actividade que dá algum tipo de recompensa, existe o risco do vício.
A dependência causada pelo jogo, segundo a neurociência e a psicologia, tem contornos semelhantes a outras dependências em substâncias químicas.
Em jogos onde há dinheiro envolvido, o potencial de adição é ainda maior! Por exemplo, é comum um jogador com comportamento de risco voltar a jogar para recuperar perdas anteriores.
Foi com este problema em mente, entre outros, que surgiu o conceito do Jogo Responsável.
O Jogo Responsável consiste num conjunto de medidas e recomendações que se aplicam a todos os jogadores e aos sites e casinos legais. Tem como fim prevenir o vício do jogo.
Estas medidas são reforçadas oficialmente pelo órgão regulador do jogo em Portugal, o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ).
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, detentora da marca Placard, é uma forte defensora do Jogo Responsável, definindo-o como:
Um conjunto de medidas e ferramentas preventivas que permitem uma tomada de decisão consciente sobre o acto de jogar/apostar, assegurando assim o bem-estar do apostador e mantendo a componente lúdica e divertida da atividade.
O Aposta Legal também faz questão de recomendar a todos os leitores a prática do jogo responsável, colocando sempre a diversão, o bem-estar pessoal e dos outros em primeiro lugar.
Caso tenhas dúvidas acerca da tua relação com o jogo, seja porque sentes que perdes demasiado tempo, ultrapassas o teu orçamento ou estás a pôr em causa a tua vida pessoal, deixamos-te um teste rápido.
Teste de Vício do Jogo
Em parceria com o Instituto de Apoio ao Jogador, o Aposta Legal disponibiliza um teste que permite diagnosticar se o jogador se encontra numa situação de risco.
O teste possui validação científica, sendo adaptado do “Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais pela American Psychiatric Association (2013)”.
Nele é avaliado se o jogador segue uma conduta de jogo que vai de encontro às políticas de jogo responsável.
Recomendações a Apostadores
De modo a manteres uma relação saudável com o jogo, segue estas 5 recomendações para te certificares que não participas em comportamentos de risco:
- Nunca apostes mais do que aquilo que podes perder. Define previamente limites de tempo e dinheiro que podes despender, sem que te prejudiques.
- Não faças um empréstimo ou peças dinheiro emprestado para jogar. Se levares alguma dica deste artigo contigo, que seja esta!
- Não apostes emocionalmente. Se perderes uma aposta, não faças logo outra para tentar recuperar as perdas. Não procures nas apostas um refúgio para problemas pessoais.
- Faz pausas regulares entre o jogo. Controla ganhos e perdas. Se necessário, aponta num caderno todas as apostas que fazes, o motivo pela quais as fazes e se te sentias bem nessa altura.
- Encara o jogo como, acima de tudo, uma forma de diversão, e não como uma profissão ou uma fonte de rendimentos.
Fazemos ainda um apelo mais geral. Joga sempre em sites de apostas e casinos online legais em Portugal, visto que estes oferecem ferramentas que incitam ao jogo responsável – já te mostrámos mais abaixo.
Para além disso, os termos e condições são claros, os jogos vêm de fontes fidedignas e são inspeccionados regularmente pelo SRIJ.
Temos um artigo acerca de distinguir uma casa legal de uma ilegal que te pode ajudar, caso queiras tomar a opção certa mas tenhas dúvidas acerca da legitimidade de cada operador.
Linhas de Apoio
Se conheces alguém, ou achas que podes estar numa situação em que estas dicas não chegam, não hesites!
Contacta estas linhas de apoio criadas para o apoio ao jogo responsável.
Linha de Apoio ao Jogo Responsável:
- Telefone: (+351) 214 193 721 (custo de chamada para a rede fixa)
- Horário: 2ª a 6ª, das 14h às 18h
- E-mail: linhadeapoio@iajpt.eu – Linha Vida – Serviço anónimo e gratuito do Departamento de jogos da Santa Casa da Misericórdia
Linha Vida – Serviço anónimo e gratuito do Ministério da Saúde:
- Telefone: 1414 (chamada gratuita)
- Horário: 2ª a 6ª feira, das 10h às 18h
- E-mail: 1414@sicad.min-saude.pt
Existem ainda grupos de ajuda, em que os participantes trocam impressões sem expor a identidade.
- Telefone: 919449917
- Email Geral: janonimos@hotmail.com
Políticas Implementadas em Portugal
Todos os sites de apostas legais e casinos legais em Portugal têm obrigatoriamente de possuir uma licença emitida por este órgão.
Um dos requisitos é terem uma política e ferramentas de jogo responsável, para dar resposta a três pilares fundamentais: prevenção, proteção e segurança.
Com base nestes valores, as entidades envolvidas têm de cumprir com o seguinte:
Protecção de Jogadores Vulneráveis
As casas de apostas são obrigadas a oferecer programas de auto-exclusão e a limitar a quantidade de dinheiro e tempo gasto no seu website.
As ferramentas de limitação impedem o jogador de ultrapassar uma dada quantia de apostas ou depósitos, a título diário, semanal ou mensal.
Se tal não chegar, a auto-exclusão é o passo seguinte, e pode ser feita por um período de tempo específico ou indeterminado.
Estas ferramentas devem ser intuitivas e fáceis de usar, sem causar grandes entraves aos jogadores que precisem delas.
Exclusão de Menores
Este é um dos aspectos mais importantes das políticas de jogo responsável. Os operadores devem fazer de tudo para se certificarem que os seus apostadores cumprem com a idade mínima legal (18 anos).
Encontras o ícone de maiores de 18 no rodapé de qualquer site legal em Portugal.
Ainda assim, é comum os sites de apostas e casinos legais recomendarem aos pais a utilização adicional de software de controlo parental.
Protecção dos Dados Dessoais
Os sites de apostas lidam com dados sensíveis dos seus clientes. Estas informações pessoais e do foro financeiro devem ser protegidas a todo o custo.
Para esse fim, os operadores são obrigados a implementar medidas de controlo (como software) destinadas à detecção e bloqueio de atividades como lavagem de dinheiro ou hacking (pirataria informática).
Claro que, apesar destas práticas das casas de apostas legais, podes sempre utilizar uma VPN para apostar. Esta ferramenta garante maior privacidade e segurança.
Marketing Ético e Responsável
As campanhas de promoção a serviços e produtos (ex.: bónus) devem todos conter informação factualmente correctas e bem legíveis.
Os operadores também devem ter permissão prévia do cliente para o envio de anúncios e campanhas – via e-mail ou SMS.
Da mesma forma, as marcas estão proibidas de segmentar campanhas de marketing a menores e indivíduos vulneráveis ao jogo.
De resto, estas são políticas semelhantes à de países como Espanha, França e Bélgica, uma vez que o fenómenos do vício do jogo (muitas vezes ampliado pelo jogo ilegal) não é só português.
